Quantas vezes já ouvimos dizer “habituem-se, a dor faz parte da vida“?
Mas e se eu dissesse que não tem que ser assim? Que a dor não precisa de ser um uma companheira constante mas sim um sinal de alerta do nosso corpo?
Hoje vou falar sobre a dor e no papel que a Medicina Chinesa pode ter no tratamento da dor. Preparem-se para descobrir que viver com menos dores ou sem dores é possível e que a dor não tem que ser uma constante nas nossas vidas.
Introdução
O que é dor?
Tipos de dor
Como sentimos dor?
Tratamento da dor
Dor na medicina chinesa
Tratamento da dor na Medicina Chinesa
Acupunctura
Tuina
Qi Gong
Ventosaterapia
Considerações finais
Introdução
Já quase todos experienciámos dor. A dor pode ser o resultado de uma lesão, de uma doença, de uma cirurgia ou até de esforçarmos o corpo excessivamente. A dor gera mais dor por isso é importante eliminá-la o mais cedo possível. Se não for controlada, a dor pode-nos tirar a capacidade de dormir, trabalhar e de aproveitar a vida. Pode também originar ansiedade e depressão.
O que é dor?
A dor é sempre uma experiência pessoal e é um fenómeno influenciado por factores biológicos, psicológicos e sociais. Aprendemos o conceito de dor através das nossas experiências de vida e por esse motivo devemos respeitar a descrição da experiência dolorosa de cada um.
Segundo a IASP - Associação Internacional para o estudo da dor, a dor é descrita como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou semelhante à associada, a danos reais ou potenciais nos tecidos”.
Muitas vezes a causa da dor é óbvia, como no caso de uma perna partida ou quando vamos contra algum objecto. Mas isto nem sempre é assim, nem sempre a origem da dor é visível, como no caso de uma hérnia discal, por exemplo.
Tipos de dor
As pessoas sentem dor de muitas maneiras diferentes. A dor pode variar desde a sensação aguda quando nos cortamos numa folha de papel até à sensação persistente de uma dor muscular. Por vezes, a dor é constante outras vezes vai e vem.
A dor pode ser aguda ou crónica. A dor aguda é aquela dor que até determinado ponto tem consequências benéficas para o nosso organismo, é uma dor que tem um propósito. É um sinal de alarme. A dor aguda avisa-nos quando algo não está bem no nosso corpo e faz com que tomemos uma atitude para corrigir essa situação. Esta dor também nos pode ajudar no processo de cura uma vez que nos lembra para não tocarmos numa ferida ou não usarmos a articulação lesionada, por exemplo. A dor aguda pode ser forte e intensa mas normalmente desaparece à medida que o corpo se cura.
Infelizmente para muitas pessoas a dor pode persistir e interferir na sua capacidade de aproveitar a vida e dificultar a realização das tarefas do dia-a-dia.
A dor crónica é uma dor persistente ou recorrente que dura de três a seis meses e às vezes até anos e muitas vezes é sentida depois da lesão estar curada. A dor crónica não tem qualquer vantagem para o doente e além do sofrimento que causa afecta também a saúde física e mental do doente.
O modo como nos sentimos influencia a nossa dor. Se estamos irritados, ansiosos ou com raiva ficamos mais tensos e os nossos músculos também ficam mais tensos, contraem e isso pode contribuir para o aumento da dor. O oposto também se verifica. Se nos sentimos positivos, felizes ou animados temos tendência para estarmos mais relaxados e a nossa dor pode parecer menor e conseguimos lidar melhor com ela. Isto mostra que a dor não está “só na cabeça” ou “só no corpo”, a dor envolve o corpo como um Todo.
Mas como é que sentimos dor?
Nós só temos consciência da dor quando esta é processada pelo nosso cérebro. Quando magoamos uma determinada parte do corpo, os receptores especiais de dor dessa área libertam substâncias químicas chamadas neurotransmissores que enviam mensagens ao nosso cérebro. Estas mensagens que dizem “passa-se aqui alguma coisa. Presta atenção!” viajam pelos nervos até à medula espinhal e daí até ao cérebro. O cérebro recebe as mensagens processa-as, avalia-as, decide o que fazer e envia mensagens de volta ao corpo para este reagir. Dependendo da situação isso pode por exemplo significar activar os músculos para nos afastarmos do que está a causar a dor.
Tratamento da dor
O tratamento da dor vai depender do tipo e da causa da dor. O tratamento pode envolver abordagens farmacológicas como analgésicos, antidepressivos, relaxantes musculares, anti-inflamatórios ou abordagens não farmacológicas como a acupunctura, massagens, técnicas de relaxamento, psicoterapia.
Dor na Medicina Chinesa
Na Medicina chinesa, a dor surge quando há desequilíbrios ou bloqueios à livre circulação da energia e do sangue. Estas perturbações podem ser desencadeadas por vários factores como maus hábitos alimentares, falta de exercício físico, stress, lesões físicas.
A dor é vista como um desequilíbrio energético que requer uma abordagem holística para ser compreendida e tratada. Devemos ter em consideração não só a zona que dói ou a dor em si mas também a forma como a dor faz com que o doente se sinta.
Opções de tratamento da dor com a Medicina Chinesa
A Medicina Chinesa tem várias abordagens terapêuticas e eu vou referir quatro exemplos dessas abordagens aplicadas ao tratamento da dor.
Acupunctura
A primeira que vou falar é a acupunctura e é possivelmente a abordagem terapêutica da Medicina Chinesa mais conhecida. Como poderão saber a acupunctura consiste na inserção de agulhas finas, esterilizadas, descartáveis e de uso único por pessoa em determinados pontos do corpo com o objectivo de prevenir e tratar desarmonias energéticas, físicas e psíquicas, ou seja, com o objectivo de recuperar a saúde e prevenir e tratar doenças.
A acupunctura estimula a produção de substâncias que têm propriedades analgésicas, substâncias que são capazes de controlar a dor e estimular a capacidade natural de cura que o nosso corpo tem. A escolha dos pontos de acupunctura a usar é diferente de pessoa para pessoa e vai depender das características da dor e do doente, assim como do diagnóstico individual de cada pessoa.
A acupunctura é eficaz no tratamento da dor aguda, dor crónica, dor associada a enxaquecas ou dor de cabeça, dor lombar, tendinites, ombro congelado ou dor no pescoço, por exemplo.
Massagem Tuina
Outra estratégia da Medicina Chinesa para aliviar a dor é a massagem terapêutica Tuina. A massagem Tuina é uma prática milenar que combina técnicas manuais, pressões e alongamentos em determinados pontos ou áreas do corpo para influenciar a circulação da energia e do sangue no nosso corpo e aliviar a dor.
A Tuina elimina bloqueios e perturbações na circulação da energia, de modo, a restaurar essa circulação o que ajuda a eliminar a origem da dor. Ao melhorar a circulação sanguínea, ao reduzir a inflamação nas zonas afectadas, ao promover o relaxamento e ao diminuir o stress, a Tuina pode contribuir para o alívio da dor porque estimula a produção de endorfinas as tais substâncias que funcionam como analgésicos naturais. A Tuina ajuda a melhorar a mobilidade articular, a flexibilidade e a postura o que pode prevenir dores e lesões futuras.
Qi Gong
O Qi Gong é uma prática chinesa antiga que combina movimentos suaves, técnicas de respiração e meditação. No contexto do tratamento da dor, o Qi Gong oferece uma abordagem holística que ajuda a promover o fluxo de energia pelos meridianos do corpo, elimina bloqueios físicos e emocionais, reduz a inflamação e restaura o equilíbrio, o que pode ajudar aliviar a dor e o desconforto. As respirações profundas e os movimentos suaves do Qi Gong também ajudam a melhorar a circulação, a reduzir os níveis de stress e a promover o relaxamento, tudo isto contribui para o alívio da dor.
O aspecto meditativo do Qi Gong ajuda-nos a desenvolver a atenção plena e a autoconsciência o que nos dá ferramentas para termos uma melhor capacidade de gerir a nossa dor e melhorar o nosso bem-estar.
Ventosaterapia
A última abordagem da Medicina Chinesa que vos vou referir hoje é a ventosaterapia. Esta técnica pode ser conhecida por alguns de vocês porque é uma abordagem que tem vindo a ser usada por vários atletas e artistas nomeadamente para acelerar a sua recuperação e costumamos ver imagens das ventosas na televisão ou nas redes sociais.
A Ventosaterapia é uma técnica indolor que tem as suas origens na Medicina Chinesa e envolve o uso de ventosas que são pequenos frascos de vidro, plástico ou silicone com uma abertura redonda e lisa e que criam sucção quando são colocados na pele.
A Ventosaterapia acelera a recuperação muscular, alivia a tensão muscular, relaxa os músculos, melhora a circulação sanguínea e elimina toxinas, tudo isto pode contribuir para o alívio de dores, como o caso de dores musculares, dores nas costas e no pescoço.
Considerações finais
Não me vou alongar muito mais, quero apenas dizer que viver com dor não tem de ser uma realidade, é possível vivermos sem dores. Existem formas de controlo e eliminação de dores e como partilhei neste vídeo, a Medicina Chinesa e as suas abordagens terapêuticas podem ser uma opção no tratamento de dores em muitos casos.
Não adiem as dores e outros problemas de saúde, invistam em vocês e na vossa saúde. Por hoje é tudo, se tiverem questões podem deixar nos comentários, quem ainda não subscreveu o canal pode fazê-lo agora, não custa nada é só carregar nesse botão que diz “subscrever” porque além de ser uma forma de apoiar o meu trabalho, ajuda o canal a crescer e ajuda a que estas e outras informações cheguem a mais pessoas. O que faz com que mais pessoas possam conhecer a Medicina Chinesa como forma de tratamento mas também como ferramenta de prevenção e bem-estar geral.
Obrigada por estarem desse lado, por assistirem e por partilharem estes conteúdos. E como sempre, até à próxima!
- Vânia
Referências Bibliográficas
https://www.britishpainsociety.org/about/what-is-pain/
https://www.health.harvard.edu/topics/pain
https://www.painaustralia.org.au/about-pain/painaustralia-what-is-pain
https://www.iasp-pain.org/publications/iasp-news/iasp-announces-revised-definition-of-pain/
https://www.aped-dor.org/index.php/sobre-a-dor/definicoes
https://books.google.pt/books?id=HbLQAQAAQBAJ&printsec=copyright&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false
Braunwald, E., & Fauci, A. S. (2001). Harrison’s principles of Internal Medicine (18th ed.). McGraw-Hill.
Yanfu, Z. (2002). Chinese Tuina (massage): A Newly Compiled Practical English-Chinese Library of Traditional Chinese Medicine (English and Mandarin Chinese Edition). Publishing House of Shanghai University of Traditional Chinese Medicine.
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