Tenho medo de agulhas, posso ter uma consulta de Medicina Chinesa na mesma?
A acupunctura dói?
Posso ter consulta de Medicina Chinesa se estiver com gripe ou constipação?
Querem saber a resposta a estas e a outras perguntas?
Hoje vou responder a 13 perguntas que me costumam fazer quando digo que sou especialista de Medicina Chinesa.
1- Como é a primeira consulta de Medicina Chinesa?
Eu tenho um episódio completo sobre a primeira consulta, se quiserem podem assistir porque aqui vou apenas referir o essencial para responder de forma breve à questão.
A consulta divide-se em 3 momentos.
O momento inicial da primeira consulta corresponde à conversa detalhada entre o especialista de Medicina Chinesa e o doente. Esta etapa vai-me permitir caracterizar a doença e o doente. No segundo momento, defino o tratamento. Tratamento esse que tem por base o diagnóstico traçado no momento anterior. O terceiro e último momento da consulta resume-se a uma conversa final com o doente. E na primeira consulta realizo o diagnóstico e o tratamento.
2- Como são as consultas de seguimento da Medicina Chinesa?
À semelhança da primeira consulta, as consultas de seguimento dividem-se em três momentos.
Nas consultas de seguimento, o primeiro momento caracteriza-se igualmente por uma conversa com o doente mas esta conversa além de ser menos extensa, foca-se essencialmente em perceber as diferenças que podem existir desde a última consulta, em saber como é que o doente reagiu ao tratamento e na avaliação detalhada de possíveis novas queixas.
Assim como na primeira consulta, o segundo momento corresponde ao tratamento e o terceiro resume-se a uma conversa final com o doente.
3- Qual a duração das consultas?
A primeira consulta tem a duração de 1 hora até 1h30 minutos. E as consultas de seguimento têm até 1 hora de duração.
4- Que cuidados ter antes da consulta? Há alguma preparação necessária antes da consulta?
Antes da consulta comam alguma coisa leve, não devem estar em jejum nem muito cheios;
Se possível vistam roupa confortável e fácil de tirar porque o tratamento costuma ser feito em roupa interior. Caso não se sintam à vontade em roupa interior, vistam roupa que permita fácil acesso aos joelhos, cotovelos e abdómen;
Não é aconselhado, nem imediatamente antes, nem logo após o tratamento, exercício físico intenso, ingestão de álcool, fumar ou ter relações sexuais. Porque são actividades que podem interferir no processo de tratamento por serem actividades que consomem e dispersam a nossa energia, energia essa que está a ser reequilibrada até umas horas após o tratamento;
Bebam água antes e depois da consulta;
Entre consultas anotem as mudanças que sentirem para conseguirmos garantir melhores progressos em cada tratamento.
5- Há mais alguma abordagem terapêutica na Medicina Chinesa além da acupunctura?
A Medicina Chinesa é só acupunctura?
A Medicina Chinesa não é só acupunctura, contudo, a Acupunctura é, provavelmente, a abordagem terapêutica da Medicina Tradicional Chinesa mais conhecida e disseminada na sociedade ocidental.
A Medicina Chinesa é constituída por várias abordagens terapêuticas, nomeadamente, a Acupunctura, a Massagem Terapêutica Tuina, a Fitoterapia Chinesa (medicamentos à base de plantas), a Dietética Chinesa, a prática energética, como o Tai Qi e o Qi Gong, a Moxabustão, a Ventosaterapia, a Reflexologia podal, a Aurículoterapia, o Gua Sha, a Electroacupunctura ou a Electroestimulação.
Um tratamento de Medicina Chinesa pode envolver uma destas abordagens individualmente ou em combinação. Após ser feito o diagnóstico individual do doente, posso optar por fazer o tratamento com Acupunctura, Ventosaterapia e Massagem Tuina, por exemplo ou Acupunctura e Massagem Tuina.
6- Tenho medo de agulhas, posso ter uma consulta de Medicina Chinesa na mesma?
Pode. Se têm medo devem informar o vosso especialista de Medicina Chinesa ou Acupunctura para que ele consiga adequar o tratamento. Se ainda assim não quiserem tratamento com agulhas, há outras formas de estimular os pontos de acupunctura, sem ser com a acupunctura. Por exemplo, através da Moxabustão, da Massagem Tuina, da Ventosaterapia, do Gua Sha ou da Electroestimulação.
7- A acupunctura dói?
Não dói mas sente-se a agulha a ser inserida no corpo.
Se após a sua inserção ou durante o tratamento sentirem algum desconforto devem avisar o especialista de Medicina Chinesa ou Acupunctura para que se possa resolver a situação e aliviar esta sensação permitindo uma agradável experiência.
8- A acupunctura é segura? Há efeitos secundários?
Quando praticada por um profissional qualificado, ou seja, um especialista de Medicina Chinesa ou de Acupunctura, a acupunctura é segura.
Os efeitos secundários que podem acontecer são raros mas destacam-se hematomas de pequenas dimensões (as nódoas negras), tonturas ou sonolência/relaxamento após a consulta.
Em Portugal, a Medicina Chinesa, a Acupunctura e a Fitoterapia são exercidas sob os títulos profissionais de Especialista de Medicina Tradicional Chinesa, Acupunctor e Fitoterapeuta, respectivamente.
Estes títulos só podem ser usados pelos detentores da correspondente cédula profissional emitida pela ACSS, a mesma entidade que atribui cédulas profissionais aos outros profissionais de saúde.
9- De quantas consultas preciso?
Não tenho uma resposta directa que satisfaça a todos porque todos os casos são diferentes.
Posso dizer-vos que as situações agudas têm tendência para melhorar mais rápido do que as crónicas.
Cada caso é um caso e todas as pessoas respondem de forma diferente aos tratamentos, dependendo da sua constituição, condição energética e do estado da doença. Contudo, apenas mediante o diagnóstico e a resposta do vosso corpo ao tratamento é que vos consigo dar uma ideia mais precisa de quantas consultas podem precisar.
Frequentemente, os doentes vêem melhorias na primeira consulta, contudo, pode ser necessário mais tempo, mais consultas, para se perceber bem a origem do problema.
10- Como são as agulhas usadas em acupunctura?
As agulhas de acupunctura são feitas em aço inoxidável, têm uma espessura de 0,25 mm, sendo ligeiramente mais espessas do que um fio de cabelo e o comprimento varia consoante o local do corpo onde são introduzidas.
As agulhas são filiformes, esterilizadas, de utilização única e exclusiva por pessoa e são descartadas após a sua remoção do corpo.
As agulhas não têm nada dentro delas e não injectam nenhuma substância no nosso organismo.
As agulhas são um material de trabalho do especialista de Medicina Chinesa ou de Acupunctura e, como tal, reserva-se a estes a responsabilidade e o encargo em obter as agulhas indicadas para os seus doentes.
Os doentes não ficam com as agulhas nem têm de as comprar.
11- O que acontece às agulhas depois do tratamento? As agulhas são reutilizáveis?
Depois de retiradas do corpo, as agulhas são descartadas e, posteriormente, incineradas.
As agulhas NUNCA são reutilizáveis.
As agulhas usadas são esterilizadas e de uso único por pessoa.
12- Posso ter consulta de Medicina Chinesa e tratamentos ocidentais?
A Medicina Chinesa e a acupunctura podem ser usadas em conjunto com o tratamento da medicina ocidental. E nãointerferem negativamente com outras formas de cuidados de saúde. É importante dizerem ao vosso especialista de Medicina Chinesa ou de acupunctura e ao vosso médico quais os tratamentos que fazem.
13- Posso ter consulta de Medicina Chinesa se estiver com gripe ou constipação?
Sim. A Medicina Chinesa e a acupunctura ajudam a combater os agentes que estão a causar os sintomas em questão e permitem uma rápida recuperação sem efeitos secundários.
Queria dizer que os procedimentos e práticas que refiro aqui são os que eu aplico, é natural haver ligeiras diferenças entre o que eu faço e o que outros colegas fazem.
Contudo, o que deve ser comum a todos é o rigor, a responsabilidade, a segurança, a ética e o profissionalismo subjacentes a cada tratamento.
Os especialistas de Medicina Chinesa e Acupunctura devem ter a formação adequada para o exercício da sua profissão, assim como, devem ser detentores de cédula profissional de Medicina Chinesa ou Acupunctura.
Tiveram resposta à vossa questão sobre as consultas? Se não tiveram podem enviar mensagem ou deixar nos comentários a vossa questão.
Obrigada pelo vosso interesse!
Até à próxima!
- Vânia
Referências Bibliográficas
Auteroche, B., & Auteroche, M. (1996). Guia prático de acupuntura e moxabustão. São Paulo: Andrei.
Lei n.º 71/2013, de 2 de Setembro. Diário da Républica, 1ª série – Nº168.
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